A doença periodontal, também conhecida por piorreia, é uma infeção bacteriana que afeta toda a zona do periodonto – a zona das gengivas e dos tecidos que suportam os dentes.
Em Portugal, é mais comum do que imagina. Nos últimos estudos a que tivemos acesso, a periodontite – uma forma grave da doença periodontal – afetava cerca de 11% da população portuguesa.
Por outras palavras, esta é uma condição frequente e uma das principais causas para a perda de dentes em adultos. No entanto, as visitas regulares ao dentista e o diagnóstico precoce estão no centro das medidas preventivas que pode tomar.
Mas para que possa aumentar o seu nível de vigilância, é também importante que conheça os sintomas da doença periodontal e o modo como esta se pode desenvolver.
A doença periodontal é o termo clínico utilizado para identificar diferentes patologias que afetam as gengivas. Nesse sentido, o termo pode ser utilizado para indicar a presença da periodontite – umas das fases mais avançadas da doença periodontal – como a gengivite – uma das suas fases iniciais.
Mas se a gengivite pode ser tratada e revertida, já a periodontite é uma condição bem mais complexa.
Esta doença periodontal ataca as gengivas (tecidos, ligamentos e ossos que rodeiam e suportam os nossos dentes) e quando não é devidamente tratada, vai evoluindo progressivamente até conduzir à perda inevitável dos seus dentes.
Esta é uma condição bastante prevalente e, talvez por causa disso, algumas pessoas questionem a possibilidade de ser hereditária.
A hereditariedade da doença periodontal é um tema muitas vezes abordado em consulta. Contudo, é um mito.
A doença periodontal não é hereditária, nem genética. É uma patologia que afeta milhares de pessoas, mas que pode ser perfeitamente prevenida e controlada, no caso de ser crónica.
Para que isso ocorra, é importante que visite regularmente o seu médico dentista, de modo a diagnosticar a doença periodontal de forma precoce e dar início ao tratamento.
Os tipos de doenças periodontais referem-se maioritariamente às diferentes fases de evolução da mesma. Nesse sentido, podemos dizer que existem três: a gengivite, a periodontite e a periodontite avançada.
Vejamos cada uma delas.
A gengivite é a primeira fase de uma doença periodontal. Na prática, a gengivite indica uma inflamação das gengivas do paciente. Nesta fase, apenas uma parte do periodonto é afetado.
Ou seja, os ligamentos e o osso alveolar ainda permanecem saudáveis, tendo em conta a situação. Contudo, é uma questão de tempo.
Se não for tratada, a condição pode evoluir para uma segunda fase, mais grave: a periodontite. E, daí, para a periodontite avançada.
Além da inflamação provocada pela gengivite, é também comum as gengivas incharem e sangrarem. A boa notícia está no facto de esta ser uma condição reversível.
Neste ponto da doença periodontal, é ainda possível o tratamento que permite controlar a gengivite e impedi-la de evoluir para a periodontite.
Quando a gengivite não é devidamente tratada, a condição evolui para a periodontite.
Nesta fase, a doença periodontal atinge já o ligamento periodontal e o osso alveolar dos dentes, podendo mesmo destruí-los. Na periodontite, não só as gengivas sangram com mais frequência, como também se retraem, expondo a raiz do dente e criando mais espaço para que as bactérias se acumulem.
É partir daqui que a doença periodontal se pode agravar ainda mais, dando origem a abcessos periodontais e progredindo para a periodontite avançada, na qual existe uma mobilidade acentuada dos dentes.
No caso de uma doença periodontal atingir o estado de periodontite avançada, existem diferentes formas de esta se manifestar. As principais são três: a agressiva, a apical aguda e a ulcerativa.
A periodontite agressiva é uma situação rara e uma forma de doença periodontal cuja progressão é rapidíssima. Ou, como o próprio nome indica, agressiva.
Nestes casos, a perda de densidade óssea ocorre de forma rápida, ameaçando a queda de dentes e dando origem a novas bolsas periodontais bastante profundas.
Nestes casos, quanto mais profundas forem estas bolsas, pior é a hipótese de a situação ser revertida.
A doença periodontal na forma de periodontite apical aguda afeta principalmente o osso e a zona onde a raiz do dente termina – o ápice.
Embora esta seja considerada uma fase avançada da periodontite, o mais comum é ser provocada por traumas, como uma queda ou uma pancada na zona.
Mesmo assim, esta doença periodontal avançada pode ter outras origens, tais como a passagem de bactérias do interior para o exterior do dente – através do ápice – ou outros tipos de lesões dentárias.
A periodontite ulcerativa é uma das formas mais graves da doença periodontal. Tal como a agressiva, a sua progressão é também muito rápida e, na sua origem, encontram-se algumas bactérias mais resistentes que ali se acumulam devido aos mais diversos fatores, desde uma higiene oral pouco cuidada até à presença de uma gengivite não tratada.
Do mesmo modo, também nesta fase a ameaça de perda de dentes é constante, a par de outros sintomas associados às doenças periodontais.
Definir todos os sintomas da doença periodontal é um processo complexo, tendo em conta todas as suas fases e possíveis variações. Mesmo assim, alguns dos seus sintomas acabam por se verificar na maioria das situações.
Nesse sentido, os sintomas mais comuns de uma doença periodontal são:
Além destes, podem também ocorrer outros sintomas, nomeadamente aqueles associados às condições mais graves de uma doença periodontal como, por exemplo, os sintomas de um mal-estar generalizado ou mesmo a presença de febres altas.
As causas para o aparecimento de uma doença periodontal podem ser inúmeras, mas a verdade é que todas elas se podem também reduzir a uma única palavra: bactérias.
Quando a placa bacteriana não é devidamente removida através de uma higiene oral cuidada e de visitas regulares ao dentista, as bactérias vão-se acumulando na boca. Desenvolvem-se e multiplicam-se numa zona fértil.
Aos poucos, a placa bacteriana transforma-se em tártaro. Por sua vez, o tártaro – uma espécie de placa bacteriana endurecida e apenas removível em consultório – vai também evoluindo.
O tártaro vai avançando até se transformar inevitavelmente em gengivite, dando assim início à doença periodontal.
Contudo, existem outras causas para o aparecimento de uma doença periodontal. Cáries, dentes tortos ou apinhados, restaurações dentárias mal feitas e ainda certos medicamentos e outros tipos de infeções podem também estar na origem de uma doença periodontal.
Também por aqui se nota a importância de um controlo regular por parte do médico dentista, de modo a poder prevenir-se contra a doença periodontal, diagnosticá-la a tempo e dar início ao tratamento.
Naturalmente, o primeiro passo para o tratamento de uma doença periodontal é uma consulta, de modo a avaliar-se a situação e a definir-se o tratamento mais adequado.
Em medicina dentária, a periodontologia é a especialidade indicada para o diagnostico e o tratamento da doença periodontal.
Depois de diagnosticada a condição, o paciente poderá dar início a um dos seguintes tratamentos:
Cuidados com a saúde oral
No caso de apresentar sintomas de gengivite, a sua progressão pode ser evitada com alguns conselhos acerca da sua rotina oral.
Quando diagnosticada a tempo, a doença periodontal pode ser tratada de forma simples, escovando os dentes corretamente de modo a remover a placa bacteriana acumulada.
Destartarização
Em casos um pouco mais avançado, onde a presença de tártaro já é visível ou notória, a doença periodontal deve ser controlada através de uma destartarização.
A destartarização é um tratamento dentário bastante comum e fácil de realizar. Ao mesmo tempo, é também um passo fundamental para o tratamento da doença periodontal.
Cirurgia Periodontal
Em casos mais avançados de uma doença periodontal, é também possível a realização de uma cirurgia periodontal.
Nesta cirurgia, o médico de especialidade realiza uma intervenção na gengiva, de modo a limpar potencias depósitos de tártaro ou de placa bacteriana que se possam ter acumulado na superfície da raiz.
Do mesmo modo, é através deste tipo de cirurgia que se corrigem também as perdas de densidade óssea dos dentes, por exemplo.
Seja qual for o caso, o certo é que a evolução da doença periodontal deve ser monitorizada, ao longo do tempo. Isso apenas se torna possível com visitas regulares e periódicas ao seu médico dentista, de modo a garantir que tem sempre os dentes e as gengivas mais saudáveis possíveis.